Zilda é terapeuta comunitária, há 11 anos trabalha com o grupo DST-Aids. Já viu morrer muita gente, assim como já ajudou vários soropositivos a superarem o choque ao descobrirem que tinham HIV. Segurou na mão, levou para outros lugares quando precisavam de atendimentos que não tinha aqui na cidade e deu carinho, sobretudo, respeito aos que lutam diariamente contra esta doença crônica.
Mais que apoio, Zilda alerta. Atua como redutora de danos, fazendo palestras nas escolas, informando jovens e adultos sobre as doenças sexualmente transmissíveis e a Aids. Insiste pelo uso do preservativo. Porque, através dos pacientes que atende, ela sabe que não é tão fácil, mesmo hoje com qualidade e longevidade, viver com Aids. E por isso, pelo conhecimento desta realidade, que ela afirmou ter medo da descoberta da cura da Aids. “Tenho medo dessa reportagem”.
Para a profissional da saúde, a reportagem feita pela revista Época divide opiniões. Ela indaga a repercussão. “Por que não divulgaram tanto isso? Por que a mídia não está batendo em cima disso?”, pergunta. A resposta, para Zilda, está clara. A cura pode não ser exatamente a cura. O que se tem são alguns estudos, um caso que deu certo até o momento. “É claro que se tiver a cura realmente vai ser fantástico”, ressalta. Entretanto, a terapeuta comunitária lembra que a repercussão de uma cura não definitiva pode causar falsas esperanças e danos.
“Essa matéria pode ser um motivo para as pessoas não se prevenirem. Eu tenho medo nesse sentido, porque podemos estar fazendo esse trabalho de prevenção e essa cura não vir. A gente corre esse risco. Essas informações podem não ser tão verdadeiras”, afirma Zilda. Segundo a profissional, ainda estamos longe da cura da Aids. “Nós estamos fazendo um trabalho de formiguinha para levar a prevenção e vem alguém e diz que tem cura. Então, agora, todo mundo pode transar à vontade? Não precisamos mais nos proteger, porque tem cura!”, prevê.
Segundo a redutora de danos, a descoberta da cura da Aids pode não ser tão precisa assim, pois diabetes, câncer e tantas outras doenças crônicas ainda não possuem um tratamento específico. Cura. “Isso tudo é a minha opinião. Pode ser que alguém acredite mesmo nessa matéria. Se eu tivesse a doença, por exemplo, essa matéria seria um rosário, minha tábua de salvação. Eu falo numa visão de quem trabalha com a doença. Fiquei com medo, pois pode não ser”, destaca.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
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